domingo, 25 de agosto de 2013

poema 9


Esqueci o poema
Que tinha na boca
E na ponta dos meus dedos;
Foi-se pelos ares turvos
Deste dia nublado.
E ressoa nos meus ouvidos
- ainda, ai deus!, ainda...-
O dedilhar do violão milongueiro.

Onde anda o poema?
Cadê este poema alegre?
Eu queria escrever um poema alegre...

Mas hay que ser triste
Para ser poeta?

Quanta dor nos meus olhos fatigados...
Quantas pedras em meu caminho...
(mas eu prefiro o bem-te-vi pousado
Na ponta do telhado, e que me grita


- Qué bueno que te vi, qué bueno que te vi!)

terça-feira, 6 de agosto de 2013

poema n° 8


Quando eu voltava de Granada
No lado esquerdo do trem
Uma mulher sorria

Ela jogava seus olhos
Para dentro de mim.
- que fazer com tanto amor?

Tempos depois constatei:
O trem mudou de destino
O olhar esmoreceu.

Não há mais Granada
Não há mais sorrisos
Tampouco há o amor.

Quanta dor impressa no risco do lápis...
A palavra escrita não se deixa ler:
É mágoa, é pesar, é desalento,

É pó de uma triste cinza fria...