terça-feira, 9 de julho de 2013

poema n° 1



E tu me amarás amanhã?
Que pergunta tola... 
a noite que se confunde com o sol
Já marcou minha desesperança.

Os tempos passam na pergunta corajosa
- tu me amarás amanhã?
Amanhã, meu amor, ainda me amarás?
Estarei dolorida, encarquilhada, 
serei um punhado de pó feito do barro 
(que secou),
Estarei amordaçada nas palavras de amor
(que não ouvirás),
Estarei morta no fim do meio-dia.

Mesmo assim, uma desesperada ideia:
Amanhã, quem sabe, ainda me amarás...

Ah, os contornos do nosso amor...
Éramos duas almas completas
E nem o Atlântico era capaz.
- eu te amo com a força dos mares!
(o sussurro que eu ouvia...)
O amor, dizias entre beijos,
O doce amor que nos enlaça
Flutua mais alto do que as estrelas...

Mas veio o mau gênio,
Sempre o mal que não tem nome definido,
E fez de nós o que quis.
Ai, a força desta maré!

Atlântico que tanto amei,
Como fazes isso comigo?
Tuas águas salgadas nos crispam os ouvidos
Estamos encerradas em cada lado teu.

Olho o relógio colorido de Dali,
Mas as horas já não me marcam no mundo:
Estou no passado.

Chorar é desespero. Tenho vida, grito: tenho vida!
Tenho vida pequena sem ti,
A vida que perdi.

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